segunda-feira, 8 de maio de 2017
Em conferência na Reunião Regional da SBPC no Cariri, na última sexta-feira, 5 de maio, pesquisadores dizem que está na agricultura a solução dos problemas de saúde
A professora Maria de Fátima Grossi de Sá (Cenargem) foi uma das conferencistas da mesa redonda “Biodiversidade e Biotecnologia aliadas no desenvolvimento de novas tecnologias para o aproveitamento de alimentos”, realizada na sexta-feira (05/05) durante a Reunião Regional da SBPC Cariri, na cidade do Crato. Para Fátima Grossi é “absurdo pensar que 30% dos alimentos do mundo são desperdiçados”.
Participaram também da mesa redonda, os professores Ruy Caldas (MS) e Henrique Douglas de Melo Coutinho (URCA), com a mediação do professor Irwin Rose Alencar Menezes.
Em sua fala, Fátima ressaltou que é preciso sair do paradigma da cura para o paradigma da prevenção. E está principalmente na agricultura o papel de contribuir com a nutrição saudável. “O mundo espera cada vez mais da agricultura, não só com a plantação, mas solucionando os problemas de saúde”, disse.
Para isso, é necessário reverter a aceleração do processo de urbanização, melhorando as condições de trabalho no campo, incentivando a carreira no campo e principalmente, promovendo a automação, como fizeram os asiáticos. A biotecnologia também pode ajudar mais intensamente. Hoje no Brasil, 100% da soja já é geneticamente modificada. O algodão, 78%.
Biodiversidade na alimentação
Ruy Caldas falou sobre o Plano de Estruturação da Cadeia da Macaúba no Mato Grosso do Sul, uma proposta elaborada pela Universidade Católica Dom Bosco, que objetiva utilizar o potencial da biodiversidade na alimentação. Ele explica que existem muitas iniciativas na área da biodiversidade de alimento (jenipapo, pequi, jatobá), mas que os produtos não chegam ao supermercado.
Hoje, Ruy Caldas trabalha com a bocaiuva, em um programa de ecologia de longa duração. “Qualquer projeto só terá sucesso em um programa de longa duração. Para a pesquisa precisamos de continuidade, flexibilidade de recursos e agilidade”.
Bactérias resistentes a antibióticos
Já o professor da Urca, Henrique Douglas, apresentou o tema “Uso de produtos naturais na pesquisa sobre a resistência aos antibióticos na contaminação ambiental”. Todo conjunto de antibiótico atinge um alvo específico. Se esse antibiótico entra na bactéria, surge a resistência, explicou Douglas, informando que, em menos de 20 anos depois da descoberta do antibiótico já apareceram as bactérias resistentes. Dai a necessidade de mais pesquisas para descobrir novas drogas.
“O objetivo da nossa pesquisa é fazer com que a bactéria deixe o nível de resistência e se torne sensível”. Uma forma de prevenção é a utilização de produtos naturais nos alimentos. O óleo de pequi é um exemplo. Suas características podem ser comparadas ao azeite de oliva. “Analisamos se o óleo de pequi pode potencializar os efeitos do antibiótico. Precisamos produzir cada vez mais microorganismos sensíveis ao antibiótico”, afirmou.
Emilia Augusta Bedê, Coordenadora de Comunicação da Secitece, colaborou com o Jornal da Ciência